Talvez o desemprego seja o maior medo da população brasileira nos últimos anos, isto porque a pandemia acabou com muitos empregos no Brasil. Não foi só a pandemia que afetou o nosso país. Antes dela, já estávamos vivendo uma recessão. E, infelizmente, os impactos dessa recessão ainda nos afetam.
Nos últimos dados divulgados pelo IBGE, segundo a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra a Domicílio), o desemprego subiu para uma taxa média de 8,6% em Fevereiro de 2023. O último trimestre aumentou em 0,5 pontos percentuais. Assim, atingiu a marca de cerca de 9,2 milhões de brasileiros. Um número muito grande de pessoas desempregadas.
A economia de forma geral passa por alguns ciclos, os bons que desencadeiam o crescimento do PIB, baixo desemprego, balança comercial favorável para o país, aumento da comercialização de bens e serviços. E do lado oposto, conhecido por período de recessão.
Apesar de ser normal que esses ciclos de alta e baixa aconteçam, esse movimento mexe com todas as áreas da economia. Incluindo a taxa de desemprego, assim toda a população passa por ele também. No caso das classes mais baixas o impacto costuma ser sentido de forma muito mais intensa.
Se colocarmos uma lupa apenas na taxa de desemprego, ela oscila assim: quando vivemos um período bom na economia ela tende a cair, porque as empresas precisam de mais mão de obra para atender a demanda. Assim também o salário aumenta, porque as pessoas terão que trabalhar mais, por conta da demanda. E como consequência as empresas terão que contratar mais funcionários.
Agora num cenário de recessão acontece o oposto, porque para diminuir o custo as empresas demitem. Com isso, as pessoas ficam sem renda para consumir, o que faz mais empresas fecharem ou entrarem em crise porque estão vendendo pouco. E se o crédito estiver caro, a chance de falência dos negócios é ainda maior.
É exatamente esse cenário que estamos vivendo: taxa de desemprego e de juros altas e um PIB baixo, ou seja, a economia está em recessão. E nessa última crise vivemos um período diferente dos outros, por causa do aparecimento de vários microempreendedores individuais, que deu a falsa sensação que a população estava abrindo seu próprio negócio e expandindo o comércio.
Enquanto, na verdade, tiveram que trocar a segurança que os trabalhos em regime CLT garantem, para abrirem suas próprias empresas, na tentativa de ter alguma renda. Afinal, basta uma pesquisa em sites de vagas de emprego, para ver que muitas empresas estão exigindo que os empregados sejam MEI, para assim diminuir suas responsabilidades como empregador.
Futuramente, isso pode gerar aumento no número de desempregados, pois se os trabalhadores não tiverem preparo para terem sua própria empresa, no caso do MEI, acabarão enrolando suas finanças pessoais com as da empresa.
Em casos de despreparos como esse, as pessoas não sabem fazer caixa ou cumprir com obrigações mínimas, que toda empresa tem. Como resultado, poderão declarar falência, se perderem algum contrato de trabalho. E o pior é que não terão o seguro desemprego, para conseguirem manter suas contas em dia durante esse período. Fora o dinheiro das férias e o décimo terceiro, que ajuda muitas famílias com as contas de fim do ano, esse tipo de trabalho não garante nenhum benefício trabalhista de CLT.
É muito triste observar que muitas empresas utilizam desse tipo de contratação, para se isentar da responsabilidade de pagar os benefícios que o trabalhador em regime CLT tem. Isso pode até fazer o custo das empresas baixar, mas para o lado dos trabalhadores, e principalmente aqueles que não tem nenhum conhecimento sobre administração de seu negócio, correm um sério risco de ficarem sem renda a qualquer momento. Além de se endividarem com os impostos que uma empresa precisa pagar, como a Guia DAS.
Todo esse movimento no mercado de trabalho mexe com toda a economia, porque sem emprego as pessoas não têm dinheiro para consumir. E com isso, o comércio fica com mercadorias paradas ou nem produz, pois não tem demanda suficiente para vender. E com baixa produção de produtos e serviços, e os investimentos caindo, o PIB também baixa e a economia encolhe.
Sem contar os problemas gravíssimos sociais, com o aumento da população em extrema pobreza passando necessidades básicas, o aumento da população em situação de rua, comércios fechando e colocando mais pessoas desempregadas.
Infelizmente, podemos concluir que o desemprego precisa ser encarado com seriedade, pois acarreta em graves problemas econômicos para toda população. Tanto econômicos como sociais, e ambos são sentidos de forma mais crítica pela população de baixa renda.
Fontes:
Cnn, Revistas Puc, Porta Libre, Valor Investe