Pensar e desenvolver atitudes de consumo consciente são cada vez mais necessárias em um mundo cada vez mais conectado.
O consumo é uma das principais formas que uma pessoa tem de se sentir pertencente a algum grupo ou alguma causa, afinal, o ser humano é sociável por natureza. Todo mundo está inserido em algum grupo social que nos demanda determinado comportamento de consumo: seja uma roupa para uma determinada área profissional ou mesmo devido a algum gosto pessoal. Como unir consumo consciente, finanças, vida social e economia?
Antes de mais nada precisamos entender o que é consumo. A antropóloga Hilaine Yaccoub (2017) destaca a importância do consumo em uma série de campos como relações sociais, gostos pessoais e até mesmo política.
É por meio do consumo que nos identificamos com algo, construímos nossos gostos, estilo de vida e marcamos nossas posições políticas na sociedade.
Dessa forma, pensar o consumo, é pensar também uma série de questões que rodeiam a vida de uma pessoa. Afinal, é através de produtos e serviços que adquirimos que nos manifestamos em diferentes áreas. Por esse motivo, é tão importante pensar formas de consumir de forma responsável e consciente.
O consumo consciente pode ser considerado um conjunto de práticas que buscam alinhar responsabilidade, sustentabilidade e saúde financeira. Segundo uma cartilha do Governo Federal:
O consumidor consciente é aquele que leva em conta, ao escolher os produtos que compra, o meio ambiente, a saúde humana e animal, as relações justas de trabalho, além de questões como preço e marca.
Caetano Veloso já disse que “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” e isso é verdade. O primeiro passo para um consumo consciente é conhecer a si mesmo. Parece conversa de guru? Sim, mas o ponto aqui é buscar entender os seus hábitos de consumo: com o que você mais gasta? Em que momentos você gasta?
Aqui é importante trazer uma breve reflexão sobre consumismo de Yaccoub (2017):
Consumir é fazer parte. Só uma parcela pequena consome por compulsão, aí é levar em conta como cada indivíduo lida com as suas ações, se há culpa, se há arrependimento, se comprar é algo mais forte que ele etc… há tratamento.
A todo momento somos bombardeados com uma série de chamadas para compra que não percebemos: “última oportunidade”, “vagas limitadas” e coisas do tipo. Esse tipo de mensagem é conhecida no Marketing como “gatilhos mentais” e podem ser armadilhas para quem busca o consumo consciente.
Em geral, são frases que buscam despertar sentimentos que fazem você comprar de acordo com uma série de sentimentos. Confira alguns exemplo:
• Gatilho de escassez: apenas 10 vagas disponíveis, corra!!
• Gatilho de urgência: últimas horas para se inscrever!
• Gatilho de reciprocidade: preencha essa pesquisa e ganhe um ebook!
Muitas dessas ofertas realmente são as últimas… desse lançamento. É isso mesmo: na maioria dos casos, quem usa desses artifícios faz um novo lançamento pouco tempo depois, com as mesmas condições e com a mesma estratégia.
Por isso, quando falamos de consumo consciente, é preciso ter cuidado para não cair em algumas armadilhas que te fazem gastar um dinheiro que você não tem. Ainda mais se for um produto que vai entrar em promoção de novo em algumas semanas. Você está comprando por oferta ou gatilho mental?
Aqui é preciso refletir sobre a origem e o destino do seu dinheiro. É preciso analisar com calma a forma com que você tem gastado e ganhado o seu dinheiro: quanto esforço você faz pelo seu salário? Tem algum benefício? Sua renda é fixa ou varia a cada mês?
Conhecer a forma como o seu dinheiro circula na sua vida é uma importante ferramenta no consumo consciente. Dessa forma, você consegue prever os seus gastos e investimentos com mais segurança. Se você sabe quanto ganha e quanto custa para viver, consegue organizar uma poupança e pensar metas para atingir.
Tudo isso é consumo consciente. Afinal, você passa a ter mais domínio sobre suas finanças e a forma como você administra suas despesas e alcança seus sonhos. Afinal, além de sonhar, é preciso lutar para alcançá-los.
Em seguida, uma outra dica para praticar o consumo consciente é ter um limite de gastos. Isso conversa muito com a parte de autoconhecimento e entender o orçamento.
Uma vez que você sabe o que impulsiona sua compra e como você administra o seu dinheiro, fica mais fácil colocar limites. Estipule valores máximos, dentro da sua realidade, que você possa gastar com roupas, lazer, comida, transporte e outras coisas.
Lembre-se: consumo consciente não é sobre restrições, mas sobre responsabilidade e ter ciência da sua vida financeira. Desse modo, esse limite deve ser pensado de acordo com a sua realidade e que seja suficiente para te proporcionar o mínimo conforto.
Outro fator importante quando falamos de consumo consciente é a disputa entre gasto e investimento. Muitas vezes nos encontramos em uma situação onde uma despesa pode ser um gasto ou investimento, um desejo ou uma necessidade. Nesse sentido, o consumo consciente é ter clareza quando estamos adquirindo algo por impulso ou faz parte dos nossos planos e objetivos de vida.
No mesmo caminho, não tem como falar sobre consumo consciente sem falar de planejamento e organização. Não estou falando de uma mega planilha, mas você saber o quanto precisa para sobreviver, ter algum conforto e atingir seus objetivos.
É preciso muito controle e abrir mão de muita coisa, mas o ponto aqui é saber onde você quer chegar e o que precisa fazer para chegar lá. Se você quer viajar no ano que vem, quanto precisa economizar por mês para poder fazer isso? Vai precisar fazer uma renda extra ou algo do tipo? Planeje e organize!
Um fato essencial no consumo consciente é saber que as emergências vem. Elas acontecem quando menos esperamos e precisamos estar preparados para elas. Por isso, ter uma reserva de emergência é importante: um problema de saúde, desemprego ou mesmo um imprevisto podem se tornar muito maiores se nos pegar desprevenidos. Guarde algum dinheiro todo mês e lembre-se: não existe pouco, orgulhe-se do que conseguir.
Falando em emergências e planejamento, o futuro também é essencial. Eu não estou falando só de aposentadoria, mas também dos seus objetivos. É claro que eles podem mudar, mas o consumo consciente está diretamente ligado a forma como você vê o mundo e se relaciona com ele. Desse modo, ter em mente como crescer na carreira, desejos pessoais e como você gostaria de viver na terceira idade pode ser importante.
Consumo consciente não é chato e nem restritivo. É sobre saber fazer escolhas que tenham impactos mais positivos e isso inclui a diversão. Pensar em trabalho e dinheiro está diretamente ligado à saúde mental. Por isso, procurar formas de se entreter além de ajuda psicológica é importante: ir ao cinema, museus gratuitos ou parques na sua cidade podem ser bons lugares para se distrair um pouco.
Por fim, o estudo é um dos principais itens de consumo que costumam ser sempre positivos. Afinal, a educação é uma das principais ferramentas de ascensão social e mudança de vida. O consumo consciente nos ajuda a definir em que tipo de conhecimento investir, que seja de qualidade e que esteja alinhado aos nossos objetivos.
Como podemos ver, o consumo consciente é fundamental para pensarmos formas de ter uma vida mais saudável pessoalmente e socialmente. Por isso é um campo tão importante: nos ajuda a consumir melhor e a viver melhor. Você já pensou como tem consumido?