O salário mínimo foi instaurado no Brasil em 1930, por Getúlio Vargas e 1936 foi criada a Lei 185, conhecida como a lei do salário mínimo, depois ocorreu alguns decretos, em 1938 depois em 1940, que determina que todo trabalhador deve ser remunerado por dia normal de serviço, capaz de satisfazer, em qualquer lugar do país, as suas necessidades básicas.
Em 1943 as leis trabalhistas foram todas reunidas na Consolidação das Leis do Trabalho, e de lá para cá essa legislação vem sofrendo algumas modificações.
Todo início de ano ficamos ansiosos para saber quanto será o reajuste do salário mínimo, isso porque muitas categorias têm como piso um, dois ou mais salários mínimos, ou seja, eles acompanham o valor mínimo determinado para reajuste do salário da categoria. Então se o piso aumenta, consequentemente o salário também aumenta – o reajuste também vale para os aposentados e pensionistas.
Ao longo dos anos a lei que estabelece esse reajuste sofreu várias mudanças, mas a Constituição de 1988 prevê que o salário mínimo deve cobrir todas as necessidades do trabalhador, tanto rural como urbano, e de sua família, necessidades como: vestuário, alimentação, lazer, saúde, educação, higiene, transporte e previdência social.
Deve ser igual para todos, sem distinção de sexo ou raça e deve ser reajustado periodicamente, mas infelizmente sabemos que o salário mínimo que temos hoje não cobre metade do que a Constituição prevê.
Ao longo dos anos essa lei foi sendo modificada e todo ano temos reajustes e a forma de como esse reajuste é feito também sofreu alterações ao decorrer dos anos.
Com essas mudanças a população do país teve aumento do poder de compra e também redução. Na linguagem econômica dizemos que o salário mínimo teve aumento real ou aumento nominal, isso quer dizer que quando o salário mínimo tem aumento real a população consegue aumentar seu poder de compra, ou seja tem mais dinheiro para gastar porque ocorreu um aumento do valor do salário maior do que a inflação.
Já quando o salário mínimo tem aumento nominal, significa que somente ocorre um reajuste no valor, mas a população não tem aumento do poder de compra em um período de tempo, porque a inflação se altera nessa época também.
Isso afeta diretamente a desigualdade no país, visto que segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2021, constatou que 70% da população tem um ou menos de um salário mínimo como renda per capita nos lares, e mexer com o poder de compra de grande da parte da população, mexe com todo o país.
O reajuste do salário mínimo acompanha o índice de preços chamado INPC que calcula a inflação. E em 2004 no governo Lula, após pressão sindical, foi criado o Conselho Nacional do Salário Mínimo, que tinha o objetivo de criar uma política de valorização do salário mínimo, e não somente um reajuste.
Após a criação desse Conselho foi criada uma proposta chamada de política permanente de valorização do salário mínimo, que passou a valer em 2007, além de modificar a data-base (que é a data de correção salarial de uma categoria) para janeiro a partir de 2010.
Em 2012, com a política de valorização, o salário mínimo passou a ser reajustado acompanhando a inflação, e também acrescido a variação do PIB dos dois anos anteriores, para que ocorresse um aumento real nos salários. E essa Lei teria que ser revisada em 2015 e também em 2019 para continuar, mas o governo de Bolsonaro revogou a lei e com isso, o salário mínimo deixou de obter ganhos reais e os reajustes passaram a apenas para acompanhar a inflação, fazendo a população perder drasticamente o poder de compra.
Assim fica visível que o formato em que é feito o reajuste do salário mínimo é de extrema importância, pois mexe com aproximadamente 70% da toda população brasileira, além de impactar diretamente na desigualdade social do país.
Precisamos de um reajuste que seja acima da inflação, com ganhos reais, para que durante o decorrer de todo ano, nós sejamos capazes de arcar com nossos custos e de toda nossa família, pois esse é um direito nosso assegurado pela Constituição Federal desde 1988.
Aproveita que tá por aqui e entenda como o IPCA afeta o nosso poder de compra!
FONTES: Eco Unicamp, Dieese, Cut e Senado.